Vida dupla

Nenhum de nós está completamente isolado da vida contemporânea [ou “secular”]. Ainda que desliguemos a televisão e o rádio, continuamos a ser influenciados. Quando ligamos para um banco, uma loja ou uma operadora de cartão de crédito, ouvimos alguma música popular enquanto esperamos ser atendidos. Quando vamos ao supermercado ou ao shopping fazer compras, esse tipo de música está sendo tocado ao fundo. É impossível viver plenamente em um mundo diferente daquele no qual vivemos. Assim, quando o culto deixa de falar ao mundo no qual vivemos, é fácil viver uma vida dupla: uma é a vida que temos quando estamos na igreja ou nos relacionamos com outros membros da igreja; outra é a vida que temos enquanto trabalhamos, jogamos ou assistimos televisão. Esse tipo de vida compartimentalizada [separada em compartimentos ou categorias] não nos livrará da “correnteza secular” nem atrairá pessoas seculares à nossa fé [nem nos tornará mais consagrados]. […]

Um importante aprimoramento do culto no contexto secular pós-moderno consiste em garantir que tudo o que acontece na manhã de sábado seja relevante para fora da igreja. Em outras palavras, tenha muito uso prático fora das horas sabáticas. As pessoas precisam ouvir aquilo que pode ser aplicado, por exemplo, nas manhãs de segunda, terça e quarta-feira. Uma demonstração de cristianismo prático e vivo é uma força atrativa que convida as pessoas a se aprofundarem em nossa mensagem. No entanto, os cultos adventistas geralmente contêm muito pouco conteúdo que possa ser colocado em prática no mundo real em qualquer outro dia da semana. Esta declaração ainda é relevante: “É triste que o motivo por que muitos acentuam tanto a teoria e tão pouco a piedade [ou espiritualidade] prática é não terem Cristo no coração. Não possuem viva ligação com Deus” (Ellen G. White, Testemunhos para a igreja, v. 4, p. 395-396).

Seremos eficazes em mostrar como um cristão lida com a manhã de segunda-feira quando nós mesmos lutarmos com os problemas que as pessoas enfrentam em casa, na vizinhança e no trabalho. Quando nós próprios soubermos como andar com Deus a cada dia da semana, seremos capazes de ajudar outros a fazerem o mesmo. As igrejas que estão fazendo a diferença na sociedade dominante são as que enfatizam o cristianismo prático. Com isso, não estou de modo algum subestimando as doutrinas. Mas as doutrinas devem estar relacionadas com a vida como um todo, e não apenas com alguns momentos de estudo.

Jon Paulien, Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008), p. 178-179. Paulien, Ph.D., é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA).

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