O que é mundanismo? – parte 1

É praticamente impossível que algum dos assim chamados “crentes”, ou mesmo qualquer indivíduo inserido num contexto ao menos nominalmente cristão, nunca tenha pronunciado ou ouvido frases como: “O mundo está entrando na igreja”, “Estão querendo adaptar a igreja ao mundo, e não o mundo à igreja” etc. Ao longo deste texto, procuraremos desvendar a mística por trás de frases como essas. São bíblicas? É sensato utilizá-las hoje? Em quais contextos? O que elas realmente querem dizer?

Sem dúvida, um fato se faz notório e gritante no cristianismo dos nossos dias: muitos (eu disse, muitos) são os autodenominados cristãos que não possuem o mínimo interesse em afastar-se daquilo que os afasta de Cristo. Um outro fato, talvez não tão perceptível à primeira vista, é o de que há ainda outros tantos cristãos, que, de tanto “quebrarem a cara” no mundo, acabam lançando-se numa tentativa sincera, porém precipitada de afastar-se ao máximo do assim chamado “mundo”. Digo “precipitada” porque antes de querermos nos afastar daquilo que é mundano deveríamos interrogar a Bíblia para nela encontrarmos a resposta à questão primordial acerca deste assunto: Afinal, o que é mundanismo?

Antes de prosseguirmos, vamos combinar que é muito melindre (para não usar o termo popular: frescura) essa mania que muito crente “moderno” tem de dar “pití” quando escuta palavras como: “do mundo” ou “mundano”. Sem “ui, ui, ui” aqui, por favor! A pessoa pode até não gostar (e tem esse direito, ou defeito), mas tais palavras são bíblicas; e não é necessariamente errado utilizá-las.

Entretanto, sejamos também compreensivos para com aqueles que se sentem ofendidos com tais palavras, a culpa não lhes pertence inteiramente. Ainda que tal melindre seja irracional, muitas vezes não o é por completo. É razoável reconhecer que às vezes ele possui um pequeno fundo de lógica, pois, apesar de bíblicas, tais palavras são constantemente mal utilizadas. Foram banalizadas a tal ponto que se afastaram completamente de seu significado bíblico original. Sendo assim, primeiramente citemos algumas coisas às quais o termo “mundano” biblicamente não se refere.

O que não é

Paulo, por exemplo, usou o termo “mundo” não apenas para denotar aquilo que está afastado de Deus, mas também para falar de coisas do dia a dia, como o cuidado para com os familiares (1Co 7:31-34). Assim, na Bíblia, “mundano” pode se referir tão-somente a coisas terrenas, e não necessariamente profanas, mas que podem nos tirar do Céu se não as colocarmos em seu devido lugar, isto é, depois de Cristo.

1 – Mundana não é qualquer pessoa de denominação diferente da sua

Por quê? Simplesmente porque essa definição associada ao termo “mundano” não se encontra em lugar algum da Escritura Sagrada. Caso haja embasamento bíblico para tal ideia, gostaria muito de vê-lo. Apesar de procurá-lo, jamais o encontrei. Se algum dentre os que me leem tiver notícia dele, por favor, não se constranja em alertar esta criatura para que eu possa adaptar meu pensamento ao pensamento bíblico. Mas, por ora, devo agir com honestidade, e, por mais que eu abrace minha denominação, devo dizer que não é possível achar, na Bíblia, nada que me autorize a definir alguém como “mundano” simplesmente por ser de outra denominação.

2 – Mundano não é qualquer elemento diferente do usual

Assim como há os fúteis cristãos de mente vacuosa que aceitam qualquer novidade “cool”, simplesmente por ser novidade, sem critério bíblico e/ou racional algum (os adeptos da “teologia do aff”, cujo único argumento para quando vê algo que não lhes agrada é “afff”, e Bíblia passa longe), assim também há aqueles que se descabelam de fobia diante de qualquer elemento dito “novo”. Mas não há registros de que a Bíblia aplica a palavra “mundano” nestes termos.

(Vanedja Cândido)

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