Missão na pós-modernidade

A mudança no pensamento e na cultura afeta a maneira como as pessoas se relacionam com a fé e com as instituições religiosas. A igreja certamente não será capaz de continuar atuando do modo costumeiro em um mundo pós-moderno.

Com isso, não estou sugerindo que devemos descartar os modelos tradicionais de evangelismo. Eles funcionaram muito bem no período da modernidade cristã e continuam a funcionar em áreas onde existe um grande número de cristãos modernos, como as culturas de imigrantes na América do Norte, Europa e Austrália e em grande parte da população da América Latina. Na maioria das igrejas, será necessário apenas combinar métodos tradicionais com novas abordagens, sem que um substitua o outro.

 

O princípio fundamental da missão

Ellen White resumiu de maneira fantástica o método de Cristo, o qual afirmava ser “o único que trará verdadeiro sucesso”. De acordo com ela, o Salvador:

  • Misturava-Se com as pessoas, desejando-lhes seu bem.
  • Demonstrava simpatia por elas.
  • Ministrava às suas necessidades.
  • Ganhava confiança delas.
  • Convidava-as a segui-Lo. (A ciência do bom viver, p. 143)

Deus nos convida a seguirmos Seu exemplo e irmos ao encontro das pessoas onde elas estão. É esse princípio que motivou Paulo em suas atividades missionárias:

Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas. Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei, tornei-me como se estivesse sujeito à Lei (embora eu mesmo não esteja debaixo da Lei), a fim de ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei (embora não esteja livre da lei de Deus, e sim sob a lei de Cristo), a fim de ganhar os que não têm a Lei. Para com os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele (1 Coríntios 9:19-23, NVI).

Paulo mostra que alcançar pessoas que são “diferentes” de nós requer um sacrifício considerável, dando um passo na direção do outro. Se temos pouco sucesso em compartilhar o evangelho com pessoas seculares, é porque não escolhemos fazer esse sacrifício.

Se queremos participar dos atos poderosos de Deus em face dos desafios e oportunidades da pós-modernidade, e se queremos ir ao encontro das pessoas onde elas estão, vejo nove alterações necessárias em nosso evangelismo.

 

1. Do evangelismo público ao relacional

O evangelismo tradicional usa reuniões públicas, que acontecem em igrejas, tendas ou salões alugados, como o fator crucial na abordagem. Mas os pós-modernos geralmente não se sentem confortáveis nesse tipo de ambiente. Eles provavelmente não assistirão a uma típica série evangelística, e, mesmo que assistam, dificilmente serão tocados por ela. A experiência mostra que os pós-modernos são mais facilmente alcançados de maneira individual, por meio da amizade e do contato pessoal. Relacionamentos individuais permitem que as pessoas explorem ideias desconhecidas no local que elas desejam e num ambiente confiável.

A abordagem relacional possui inquestionável apoio bíblico. O discipulado está no cerne da Grande Comissão de Jesus (Mateus 28:19-20). Nesse texto existe apenas um verbo no imperativo, e não se refere a realizar reuniões públicas. Em vez disso, Jesus ordena: “Façam discípulos”. Embora reuniões possam ajudar a desenvolver relacionamentos, os relacionamentos em si são a estratégia evangelística primária apresentada por Jesus nessa passagem. No contato com pessoas seculares, devemos nos concentrar muito mais em desenvolver relacionamentos que produzem confiança do que em abordagens agressivas que buscam decisões imediatas.

2. De curto prazo a longo prazo

Nosso evangelismo costuma ser um projeto de curto prazo. Uma igreja local investe em reuniões públicas, tenta levar as pessoas ao batismo em algumas semanas e então “descansa” durante o restante do ano. Essa estratégia é capaz de alcançar pessoas que já são cristãs ou que, pelo menos, estão familiarizadas com assuntos bíblicos. Esse é o caso dos imigrantes nos Estados Unidos e de grande parte da população da América do Sul. Mas recentes projetos com pessoas seculares desenvolvidos, por exemplo, nos Estados Unidos e no Brasil mostram que a maior parte da sociedade não é alcançada em poucas semanas ou meses. O evangelismo com uma pessoa que não possui interesse em temas religiosos envolve longo prazo, que costuma durar de dois a quatro anos.

No passado, não costumávamos ter tanta paciência. Mas o modelo do ministério terrestre de Cristo indica que, no evangelismo, a paciência deve ser a regra, e não a exceção. O próprio Jesus, o Mestre mais eficaz que o mundo já conheceu, investiu três anos e meio de maneira especial em doze pessoas e, ainda assim, um deles (Judas) deixou o grupo. Não devemos esperar que as coisas aconteçam de maneira mais rápida em nossos dias.

3. Dos nossos interesses às necessidades sentidas

O evangelismo tradicional se baseia na ideia de que os “de fora” precisam aprender conosco. Transmitimos as informações que desejamos da forma que achamos correta; e, se as pessoas não as recebem, “é problema delas”. Pós-modernos, infelizmente, têm se mostrado bastante desinteressados em nossa agenda para suas almas. Eles não sentem que as respostas que fornecemos abordam as questões importantes para suas vidas. Em geral, oferecemos respostas a perguntas que poucos estão fazendo.

Uma abordagem mais bem sucedida envolve ouvir antes de falar. Dessa maneira, podemos descobrir as necessidades sentidas da comunidade predominante e ir ao encontro dela no poder do evangelho. E quando dizemos “necessidades sentidas”, isso não se refere às necessidades que nós pensamos que eles têm, mas às necessidades que eles próprios sentem que têm. Paulo articulou essa abordagem em 1 Coríntios 9:19-23: torne-se tudo para todos a fim de salvar alguns.

Uma das maiores necessidades sentidas pelos pós-modernos é encontrar um lugar em que possam fazer diferença na vida de outros. Proporcionar espaços em que os famintos sejam alimentados e os desabrigados encontrem um lar levará pessoas seculares a desenvolver uma relação de apoio com os cristãos. Essa missão em comum criará laços de fraternidade espiritual. Igrejas que estão envolvidas com questões relevantes de suas comunidades são muito mais bem vistas por pessoas seculares.

Pós-modernos não querem apenas doar seu dinheiro, mas a si mesmos. As pessoas estão dispostas a fazer muito quando realmente “compram” uma ideia. Missões de curta duração – tanto locais como internacionais – podem ser uma atração poderosa. Pós-modernos adoram viajar. Eles amam experimentar outras culturas e amam fazer a diferença. Tudo isso pode ser feito através de viagens missionárias que envolvam membros da igreja e outras pessoas numa experiência espiritual compartilhada. À medida que os pós-modernos veem que a fé autêntica produz serviço genuíno, eles veem que a fé cristã possui relevância, e torna-se mais provável que desejem ter um relacionamento com Cristo e Seus seguidores.

Esses três primeiros princípios não são muito radicais. Muitas vezes eles são componentes importantes do evangelismo público tradicional. Acredito que todos que buscam alcançar um público mais amplo conseguirão implementá-los sem enfrentar maiores objeções. Mas os princípios a seguir encontrarão maior resistência.

4. Da igreja à comunidade/sociedade

No evangelismo tradicional, as reuniões acontecem nas dependências da igreja. Mesmo que o trabalho comece num local público (como salões alugados e tendas), tão logo seja possível as reuniões são transferidas para a igreja. Contudo, pós-modernos dificilmente irão a uma igreja, ainda que tenham interesse nos assuntos apresentados. Esperar que eles venham até nós é uma batalha perdida. Por outro lado, pessoas seculares moram nas mesmas vizinhanças e trabalham nos mesmos locais que os cristãos.

A Bíblia e a condição pós-moderna mostram que devemos nos mover de uma missão centralizada na igreja para uma igreja centralizada na missão. A igreja não é o alvo da missão; em vez disso, é o instrumento por meio do qual a missão pode ser cumprida. Para se ter êxito no evangelismo, é necessário ir ao encontro das pessoas onde elas estão. Portanto, um movimento em direção à comunidade – como a vizinhança e o local de trabalho – é um passo na direção correta.

O evangelismo na vizinhança e no local de trabalho exige criatividade. É possível criar grupos de afinidade, em que as colegas de trabalho se encontram para almoçar ou amigos se encontram na casa de alguém. Nesses momentos, eles podem partilhar de interesses em assuntos e atividades que têm em comum, como vida familiar, trabalho e esportes. Certa vez alcancei um amigo com a mensagem do evangelho passando algumas noites assistindo partidas de futebol com ele. Do relacionamento, vem a confiança; e, da confiança, vem uma abertura espiritual.

5. De um método à variedade de abordagens

O evangelismo praticado atualmente na Igreja Adventista surgiu com William Simpson, em 1902. O que fazemos hoje não costuma ser muito diferente do que ele fazia há mais de 100 anos. Muitas pessoas, a quem esse modelo é atraente, respondem muito bem a ele. Porém, na maior parte do mundo ocidental, a porcentagem de pessoas que o consideram relevante tem caído rapidamente.

Pós-modernos são tão diversificados quanto flocos de neve. A boa notícia é que essa diversidade tem seu contraponto na diversidade transmitida pelo Espírito Santo (1 Coríntios 12-14). Cristãos verdadeiramente cheios do Espírito não surgem através de uma linha de produção em massa. Em vez disso, eles são bastante imprevisíveis, assim como o próprio Espírito (João 3:8). A variedade ilimitada de dons do Espírito Santo conduzirá a uma variedade de abordagens que vão ao encontro das diferentes mentalidades e necessidades dos pós-modernos.

As pessoas mais apropriadas para alcançar pós-modernos são aquelas que tiveram experiências diversificadas e profundas na vida. Assim, elas conhecem bem os problemas comuns do “mundo real”. Além disso, tiveram uma experiência profunda e pessoal com Deus e descobriram quem são em Cristo. Elas conhecem o propósito de sua vida, e a sabedoria prática delas irá iluminar a vida de outros. Amigos, vizinhos e colegas de trabalho as verão como mentores. Elas buscam usar todos os dons dados pelo Espírito Santo para se relacionar com aqueles que não responderiam a abordagens tradicionais. Outros na igreja podem criticá-las por não agirem da maneira convencional, e por saírem de sua zona de conforto, mas pessoas movidas pelo Espírito irão usar seus dons com a coragem que vem da convicção de serem chamadas por Deus.

6. Do foco na conversão ao foco no processo

O evangelismo tradicional focaliza a conversão e o batismo. Mas o evangelismo secular e pós-moderno funciona de maneira diferente. Imagine uma escala de 10 negativo (- 10) a 10 positivo (+ 10) (veja a tabela abaixo). Dez negativo indica alguém que não possui nenhum conhecimento sobre Deus. Dez positivo designa um seguidor de Cristo bastante maduro e consagrado. O ponto zero seria o momento de conversão e batismo. O evangelismo típico tem o objetivo de levar pessoas da área negativa à área positiva da escala. A missão é considerada cumprida apenas se resultou em batismos. Contudo, os ocidentais em geral estão muito mais próximos do extremo negativo da escala do que é esperado nos projetos evangelísticos. Isso significa que temos pouco ou nenhum impacto na sociedade predominante.

Processo de crescimento espiritual:

Atuação de Deus Atuação do comunicador “Escala” Fase
Revelação geral (natureza, consciência) – 8 Consciência de um Ser supremo
Convicção Proclamação – 7 Algum conhecimento do evangelho
– 6 Conhecimento dos fundamentos do evangelho
– 5 Percepção do significado pessoal do evangelho
– 4 Atitude positiva à possibilidade de se tornar cristão
– 3 Reconhecimento do problema e intenção de agir
– 2 Decisão de agir
Chamado à decisão – 1 Arrependimento e fé em Cristo
Novo nascimento 0 Nova criatura
Santificação Acompanhamento + 1 Avaliação pós-decisão
+ 2 Participação e comunhão na igreja
Cultivo e relacionamento + 3 Crescimento espiritual:- Comunhão com Deus- Transformação interior- Manifestação exterior

O evangelismo missional, por outro lado, pode ocorrer mesmo não tendo-se em vista o batismo imediato. Se uma pessoa se move, por exemplo, de 8 ou 7 negativo a 5 negativo na escala, devemos considerar que o evangelismo foi bem-sucedido. Quando evangelizamos com foco no processo, nosso objetivo é encorajar as pessoas a começarem ou a continuarem a se mover na direção de Jesus. E o evangelismo focalizado no processo não se limita a alcançar pessoas seculares. A ideia de processo também é relevante para o lado positivo da escala, ajudando cristãos batizados a desenvolverem um discipulado mais comprometido.

Em 2002, publiquei um livro que tem o objetivo de levar pós-modernos de 8 negativo a 6 ou 5 negativo. Com o título The Day That Changed the World (O dia que mudou o mundo), ele convida o leitor a refletir sobre o Onze de Setembro, atualidades e o terrorismo, e a buscar o significado da vida em meio à tragédia. Nos últimos capítulos, o livro apresenta o dia que realmente mudou o mundo – aquela sexta-feira em Jerusalém, quando Cristo entregou Sua vida na cruz. Vários programas da TV Novo Tempo também têm os mesmos objetivos, especialmente “Viva – uma experiência real”, apresentado pelo pastor Kleber Gonçalves (Nova Semente), e “Evidências”, apresentado pelo pastor Rodrigo Silva.

Os três princípios anteriores são mais desafiadores que os três primeiros. E os três seguintes (e últimos) são ainda mais desafiadores. Talvez você e sua igreja não estejam prontos para considerá-los como opções. E você só deve avançar se Deus lhe guiar nessa direção. Mas é provável que estes princípios mostrem as principais razões por que temos tão pouco impacto na geração atual.

7. De “igreja” a vários modelos de comunidade

Os adventistas se acostumaram à ideia de que uma comunidade de cristãos precisa construir um prédio que seja identidade como “igreja” e que “se pareça com uma igreja”. Entretanto, para os pós-modernos, a igreja está cercada de conceitos negativos, que vão de irrelevância e tédio a opressão e violência. O próprio estilo da construção de uma igreja pode inibir. Assim, uma comunidade adventista que realmente esteja interessada em alcançar pós-modernos deve considerar outros modelos de comunidade. Os modelos que estão sendo tentados em vários países incluem cafés, centros de convenção, locais que promovem estilo de vida saudável e “igrejas do lar” (home church).

Para alguns, isso pode parecer bastante radical, e até mesmo herético. Mas muitos ficariam surpresos ao descobrirem que a mais antiga “igreja”, localizada em Dura Europos (Síria), é datada de 250-300 d.C. Então, durante mais de 200 anos, o cristianismo floresceu sem a construção de igrejas. Nossa fixação atual com tais estruturas é um legado de Constantino, um personagem que não costumamos ter como exemplo de verdadeiro cristianismo. Na época do Novo Testamento, as igrejas costumavam se reunir nas casas mais amplas dos membros da região. Portanto, “outras” formas de comunidade não são contrárias à Bíblia.

Os pós-modernos estão profundamente interessados em fé e espiritualidade, mas a maioria não possui absolutamente nenhum interesse em “religião”. Por religião refiro-me a formas, estruturas, instituições e rituais através dos quais os que creem em Deus buscam desenvolver Sua obra na Terra. A igreja é um dos últimos lugares nos quais os pós-modernos esperariam encontrar espiritualidade. Para eles, a atmosfera de comunidade é muito mais importante do que os ensinos e os costumes de uma igreja. Eles precisam pertencer antes que estejam dispostos a explorar algo em que possam crer.

8. De controlado pela igreja a controlado por Deus

Os tipos de mudanças sobre os quais estamos falando são, ao mesmo tempo, empolgantes e assustadores. A mudança para um evangelismo relacional, de longo prazo, focalizada no processo – fora dos padrões convencionais – pode deixar as coisas um pouco fora de controle. Mas não cremos, afinal, que é Deus, e não nós, quem está no controle?

No evangelismo tradicional, é realizado um grande esforço para se rastrear as pessoas, desde o primeiro contato, passando pelo interesse nos assuntos e pela participação nas séries evangelísticas, até o batismo. Esse procedimento continua a ser eficaz com modernos, mas os pós-modernos costumam experimentar um processo de conversão mais difícil de ser rastreado e medido.

Quando nos relacionamos com pós-modernos, é importante deixar que eles pensem por si mesmos e se desenvolvam em seu próprio ritmo. Precisamos deixá-los nas mãos de Deus. Confiamos suficientemente no Espírito Santo a ponto de deixá-los em Suas mãos, ou queremos forçar a situação e tentar obter um comprometimento antes que a pessoa esteja madura? Igrejas que medem seu êxito primariamente com base em números não irão apreciar o trabalho com pessoas seculares. Confiar totalmente na direção de Deus pode ser realmente assustador, mas é o maior antídoto contra o egoísmo individual e institucional.

Não é fácil perder parte do controle sobre o processo de conversão. Podemos achar difícil confiar que Deus usará nossos esforços para Sua glória ainda que nunca vejamos o resultado de nosso trabalho. Esse modelo bíblico é indicado por Paulo quando ele disse: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento” (1 Coríntios 3:6-7, NVI). Às vezes iremos colher o trabalho de outros; outras vezes, serão outros que colherão o nosso trabalho.

9. Da exclusão à inclusão

Nas duas últimas décadas, a Igreja Adventista tem enfrentado uma profunda crise de identidade. De um lado, muitos desejam uma igreja relativamente pequena, focalizada em si mesma e doutrinariamente pura, com padrões bem definidos de crenças e comportamento. De outro lado, Deus nos chama a ir a todo o mundo e alcançar todos os tipos de pessoas. Mas isso exigirá uma inclusão maior e alguma flexibilidade em questões que não envolvem princípios bíblicos (como estilos de culto e detalhes comportamentais), o que tornará o objetivo mais difícil de ser alcançado.

Se cremos que Deus está realmente ativo na emergente condição pós-moderna, precisamos ser mais inclusivos e abertos na maneira de lidar com os outros. Talvez seja necessário dar maior atenção ao ensino de Jesus: “Quem não é contra nós está a nosso favor” (Marcos 9:40, NVI).

De acordo com a Bíblia, é evidente que o ideal de Deus é levar as pessoas da exclusão à inclusão. No fim dos tempos, Deus vai derrubar as barreiras e dar aos seres humanos um novo vislumbre de Seus propósitos de salvação. A maior barreira contra a inclusão não é o coração de Deus, mas os corações humanos. A verdadeira fidelidade a Deus abrirá o caminho para uma deslumbrante inclusão que envolverá uma multidão vinda de “toda nação, tribo, língua e povo” (Apocalipse 14:6). No fim, a casa de Deus será uma “casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:7).

Tal atitude de inclusão será muito animadora e positiva para os pós-modernos. Muitos sofreram abuso físico e psicológico ou negligência por parte de pais e familiares. Vivenciaram casos semelhantes de opressão no contexto de instituições religiosas. Eles levantam suspeita de qualquer pessoa que diga: “Eu estou certo e você está errado”. Antes de estarem dispostos a ouvir o desafio do evangelho, eles precisam experimentar as boas-vindas do evangelho.

Dois modelos de evangelismo:

Tradicional Missional Base bíblica do modelo missional
Público Relacional (individual) Mateus 28:19-20
Curto prazo Longo prazo Ministério de Jesus (3 anos e meio)
Nossos interesses Necessidades sentidas 1 Coríntios 9:19-23
Igreja Comunidade/sociedade Paulo como fazedor de tendas
Um método Variedade de abordagens/dons 1 Coríntios 12-14
Foco na conversão Foco no processo Pedro, Judas
Comunidade como “igreja” (= prédio) Vários modelos de comunidade (casas, cafés) Nenhuma “igreja” até o século 3 d.C.
Controlado pela igreja Controlado por Deus 1 Coríntios 3:5-7
Exclusão Inclusão Isaías 56:7; Marcos 9:40

 

Conclusão

Esses nove itens apresentam uma estratégia básica para alcançar pessoas seculares e pós-modernas no mundo atual. Podemos ver na pós-modernidade o chamado de Deus para sair de nossa zona de conforto e alcançar as pessoas onde elas estão. Isso nos desafia a usar abordagens que exigirão bastante sacrifício da parte das congregações locais e, sem dúvida, irão gerar dificuldades e conflito em muitos lugares. Mas não podemos esperar cumprir a missão da igreja se não fizermos transformações substanciais.

O maior desafio para se trabalhar com pessoas seculares e pós-modernas sem dúvida virá de dentro da igreja. Na maioria das vezes, isso não será motivado por más intenções, mas pela preocupação de que a verdade não seja comprometida. Essa é uma preocupação legítima. Um evangelismo inovador pode levar a ideias e práticas incorretas. Esse trabalho deve ser feito com muita oração, estudo e equilíbrio.

Temos cada vez mais evidências de que Deus continua realizando uma obra poderosa neste mundo. E eu desejo estar no centro, e não nas margens das ações de Deus em favor do mundo. Por isso, a partir de hoje quero alcançar qualquer pessoa, de qualquer cultura e estilo de vida, que busque algo melhor para sua vida. Quero construir pontes com outras pessoas e comunidades, em vez de construir muros para impedi-las que perturbem meu conforto. Quero curar corações, em vez de quebrantá-los. Quero aprender tudo o que Deus deseja que eu aprenda, para ser mais eficiente aonde quer que Ele me leve. E espero que, depois de tudo isso, eu tenha captado ao menos um pouco do espírito de Cristo.

 

Perguntas para discussão:

1. Em suas próprias palavras, resuma as nove mudanças na abordagem da igreja que serão necessárias para se alcançar pessoas seculares. Quais mudanças seriam mais difíceis para uma típica comunidade cristã? Por quê?

2. Você acha que é possível para a mesma comunidade local desenvolver ambos os tipos de evangelismo: o “tradicional” e o “missional”? Em que momentos há uma união entre as duas abordagens?

3. Na transição de uma comunidade da abordagem tradicional para uma abordagem missional, qual você pensa ser o melhor ponto de partida?

4. Em qual (ou quais) ministérios do estilo missional a sua comunidade local já está envolvida? Quais mudanças isso trouxe à maneira como a sua comunidade vive como igreja? Qual desses ministérios seria o mais desafiador para você?

5. Em seu bairro ou cidade existe alguma “área não alcançada” que forneceria um bom ambiente para o plantio de uma igreja focalizada em pessoas seculares? Faça uma lista com todas as pessoas da sua igreja que poderiam ficar entusiasmadas e se envolveriam nessa aventura. Onde e de que maneira você iniciaria esse projeto?

 

Jon Paulien, Ph.D. (Andrews University), é diretor da Faculdade de Teologia da Universidade de Loma Linda (EUA). Ele é especialista no livro de Apocalipse e na relação entre fé e cultura contemporânea.

Adaptado de Jon Paulien, “God’s mighty acts in a changing world (Part 2 of 2)”, Ministry, abril de 2006, p. 13-15; idem, Everlasting Gospel, Ever-changing World: Introducing Jesus to a Skeptical Generation (Boise, ID: Pacific Press, 2008), p. 121-134; idem, Reaching and Winning Secular People: A Strategy Manual (General Conference Department of Personal Ministries, s.d.), p. 62-69.

3 Comments

  1. Maicon

    ótimo artigo, acredito 100% nesse método. A amizade, que foi uma das maneiras, na verdade a principal, que me fez abrir o coração à mensagem posteriormente.

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