Cartas de Ellen White

“Querida irmã Lucinda:

“[…] Grande parte da utilidade da minha vida se perdeu. Se Tiago [White] se houvesse retratado, seria diferente. Ele disse que não devemos procurar controlar um ao outro. Não reconheço tê-lo feito, mas ele sim, e muito mais. Nunca me senti como agora, acerca desse assunto. Não posso ter confiança no discernimento de Tiago com referência ao meu dever. Ele parece querer mandar em mim como se eu fosse criança — diz que não devo vir para cá, que devo ir para o Leste, por receio quanto à influência da irmã Willis ou por medo de que eu vá para Petaluma, etc. Espero que Deus não me haja deixado a receber minhas incumbências através do meu marido [sarcasmo]. Ele me ensinará, se eu nEle confiar. […] Responderei ao Seu chamado e buscarei fazer Sua vontade.

“Afetuosamente.”

– Ellen G. White, carta a Lucinda Hall, 10 de maio de 1876.

“Querida irmã Lucinda:

“[…] Creio que meu esposo não deseja realmente a minha companhia. Ele se alegraria se eu estivesse presente às reuniões campais, mas tem algumas ideias a meu respeito, como já as expressou livremente, de que não me sinto feliz na sua companhia, e de fato nunca poderei, enquanto ele não encarar a questão de modo inteiramente diferente. […] Essas coisas existem, e não posso viver em harmonia com ele até que ele veja as coisas de maneira diferente. Não posso ser e não serei uma entrevada como tenho sido.”

– Ellen G. White, carta a Lucinda Hall, 12 de maio de 1876.

“Querida Lucinda:

“[…] Uma carta que recebi do meu esposo ontem à noite mostra que ele está preparado para mandar em mim e assumir posições mais irritantes do que nunca. Decidi não assistir a nenhuma reunião campal nesta temporada. Ficarei aqui e escreverei. Meu esposo pode trabalhar melhor sozinho. Tenho certeza de que eu posso. […]

“Acho que ele ficaria satisfeito se pudesse me controlar por completo, alma e corpo, mas isso ele não pode. Às vezes, acho que ele não é realmente um homem equilibrado, mas não sei. Que Deus me mostre, conduza e guie. A última carta dele me fez decidir categoricamente permanecer deste lado das montanhas. […]

“Espero que por ocasião da partida do meu esposo, ele não tenha levado a Deus consigo e nos deixado a andar à luz de nossos próprios olhos e com a sabedoria de nosso coração [isto é, levado Deus consigo e nos deixado sem Ele — sarcasmo].”

– Ellen G. White, carta a Lucinda Hall, 16 de maio de 1876.

“Querido esposo:

“[…] Aflige-me o fato de eu ter dito ou escrito algo que o afligisse. […] Posso não ver todas as coisas como você as vê, mas não creio que seria minha função ou dever tentar fazer com que você veja como vejo e sinta como sinto. […]

“Desejo que o eu se oculte em Jesus. Desejo que o eu seja crucificado. Não reivindico infalibilidade ou mesmo perfeição de caráter. Não estou isenta de erros e equívocos na minha vida. Se eu tivesse seguido meu Salvador mais de perto, não teria que lamentar tanto a minha dessemelhança com Sua preciosa imagem.”

– Ellen G. White, carta a Tiago White, 16 de maio de 1876.

“Querida irmã Lucinda:

“Lamento ter escrito essas cartas. Fossem quais fossem os meus sentimentos, eu não precisaria haver incomodado você com elas. Queime todas as minhas cartas, e não mais lhe relatarei questões que me deixam perplexa. […]

“Quando você partiu, sabia que não havia ninguém com quem eu pudesse conversar, por mais aflita que me sentisse; mas isso não é desculpa. Escrevi para Tiago uma carta de confissão.”

– Ellen G. White, carta a Lucinda Hall, 17 de maio de 1876.

“Antes da enfermidade, Tiago White era um líder dinâmico e vigoroso. Após seus derrames, porém, experimentou graves mudanças de personalidade. De tempos em tempos, parecia voltar à sua antiga maneira de ser, porém, com frequência, se mostrava desconfiado e exigente. Era essa a situação que Ellen White enfrentava na época em que escreveu as quatro cartas para Lucinda” (nota dos editores em Ellen G. White, Filhas de Deus, p. 265).

O conteúdo integral das cartas, bem como seu contexto histórico, estão em Ellen G. White, Filhas de Deus, p. 263-274.

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