A religião no mundo atual

O que é religião?

A religião existe em quase todas as sociedades, embora as crenças e práticas religiosas variem de cultura para cultura. Todas as religiões envolvem um conjunto de símbolos e sentimentos de reverência, ligados a rituais praticados por uma comunidade de fiéis.

A religião na sociologia clássica

As abordagens sociológicas da religião foram bastante influenciadas pelas ideias dos pensadores “clássicos”: Mark, Durheim e Weber. Todos diziam que as religiões tradicionais entrariam em declínio, embora cada um enxergasse o papel da religião na sociedade de maneira bastante diferente. Para Marx, a religião contém um forte elemento ideológico: a religião proporciona a justificativa para as desigualdades de riqueza e poder encontradas na sociedade. Para Durkheim, a religião é importante por causa das funções coesivas que possui, especialmente para garantir que as pessoas se encontrem regularmente para afirmar crenças e valores comuns. Para Weber, a religião é importante por causa do papel que desem­penha nas mudanças sociais, conforme observado no desenvolvimento do capitalismo ocidental.

Totemismo e animismo

O totemismo e o animismo são tipos comuns de religião em culturas menores. No totemismo, considera-se que uma espécie de animal ou planta possui poderes sobrenaturais. O animismo acarreta uma crença em espíritos ou fantasmas, que habitam o mesmo mundo que os seres humanos, às vezes apossando-se deles.

Religiões e deuses

As três religiões monoteístas (religiões em que existe apenas um único Deus) mais influentes na história do mundo são o judaismo, o cristianismo e o islamismo. O politeísmo (a crença em vários ou muitos deuses) é co­mum em outras religiões, como o hinduísmo. Em outras religiões, como o confucionismo, não existem deuses ou seres sobrenaturais.

Igrejas, seitas e cultos

As igrejas são organizações religiosas grandes e esta­belecidas, normalmente com uma estrutura burocrática formal e uma hierarquia de autoridades religiosas. As seitas são grupos menores e menos formais de fiéis, ge­ralmente formados para renovar uma igreja estabelecida. Se uma seita sobrevive por um período de tempo e se torna institucionalizada, ela é chamada de denominação. Os cultos assemelham-se às seitas, mas são grupos mais livres, que seguem práticas semelhantes, mas não dentro de organizações formais.

Secularização

A secularização se refere ao declínio da influência da religião. Mensurar o nível de secularização é complicado, pois existem várias dimensões de mudança envolvidas: o número de membros, o status social e a religiosidade pessoal. Embora a influência da religião tenha decaído definitivamente, ela certamente não está a ponto de de­saparecer, e continua a unir e dividir pessoas no mundo moderno.

As taxas de frequência regular na igreja, na maioria dos países europeus, são baixas, particularmente em compa­ração com os Estados Unidos, onde uma proporção muito maior da população vai regularmente à igreja. Muito mais pessoas na Europa e nos Estados Unidos dizem que acreditam em Deus do que frequentam a igreja regularmente – elas “creem mas não pertencem”.

Novos movimentos religiosos

Embora as igrejas tradicionais estejam passando por um declínio na participação, têm surgido muitos novos movimentos religiosos. Os novos movimentos religiosos abrangem uma ampla variedade de grupos religiosos e espirituais, cultos e seitas. Eles podem ser definidos amplamente em movimentos de afirmação do mundo, movimentos de rejeição do mundo e movimentos de acomodação ao mundo.

Fundamentalismo

O fundamentalismo se tomou comum entre alguns fiéis de diferentes grupos religiosos ao redor do mundo. Os “fundamentalistas” acreditam no retorno aos funda­mentos de suas doutrinas religiosas. O fundamentalismo islâmico afetou muitos países do Oriente Médio após a revolução de 1979 no Irã, que estabeleceu um governo de inspiração religiosa. O fundamentalismo cristão nos Estados Unidos é uma reação contra valores seculares e a crise moral percebida na sociedade norte-americana. Em seus esforços para converter não crentes, os cristãos fundamentalistas foram pioneiros na “igreja eletrônica” – o uso da televisão, rádio e de novas tecnologias para construir um séquito.

Anthony Giddens é considerado por muitos como o mais importante filósofo social inglês contemporâneo e foi diretor da London School of Economics and Political Science (Londres). Retirado de Sociologia, 6ª edição (Porto Alegre: Penso, 2012), p. 511 (intertítulos acrescentados).

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