Compreendemos o Evangelho? – parte 1

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Qual é o lugar que Cristo ocupa em nossa fé? Acreditamos que Cristo é suficiente para o perdão de nossos pecados e a salvação de nossa alma? Acreditamos que “não há salvação em nenhum outro”, que “abaixo do céu não existe nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12), a não ser Jesus Cristo?

Acreditamos que Cristo é de fato “tudo em todos”? (Colossenses 3:11). Pregamos o evangelho do Cristo crucificado, ou um evangelho mesclado com obras e realizações humanas? Um evangelho no qual Cristo tem que conviver, ou quem sabe até mesmo disputar lugar com nossas próprias virtudes e atos de obediência e justiça de nossa parte?

Nos primeiros anos da história adventista, Cristo ocupava lugar de destaque em nossa fé e experiência cristã. Mas não demorou para que pouco a pouco nossos pioneiros começassem a perdê-Lo de vista, sobretudo no desejo de defender a validade da lei de Deus e em particular do quarto mandamento.

Convictos de que a verdade da lei e do sábado era a última mensagem de Deus ao mundo antes da volta de Jesus, infelizmente muitos acabaram se tornando legalistas em sua teologia e vida cristã. Eles acreditavam no sacrifício expiatório de Cristo na cruz, mas acabaram desenvolvendo o conceito de que tal sacrifício não provia perdão senão apenas para os pecados passados. Uma vez perdoados, pensavam eles, é nosso dever obedecer a Deus para que finalmente possamos herdar a vida eterna.

O pastor adventista J. F. Ballanger publicou um artigo em 1891, dizendo que, “para dar satisfação aos pecados passados, a fé é tudo. É realmente precioso o fato de que o sangue de Cristo apaga todos os nossos pecados e purifica o registro passado. Somente a fé nos faz apropriar-nos das promessas de Deus”. E ele prosseguiu: “Mas, o nosso dever atual é o que nos compete realizar”. E qual é esse “dever atual”? “Obedeça a voz de Deus e viva, ou desobedeça e morra” (Review and Herald, 20 de outubro de 1891).

Nesse contexto, Ellen White chegou a declarar:

Como povo, temos pregado tanto a lei até estarmos tão secos como as colinas do Gilboa, que não recebiam nem orvalho nem chuva. […] Não devemos de modo algum confiar em nossos próprios méritos, mas nos méritos de Jesus de Nazaré (Review and Herald, 11 de março de 1890).

Foi exatamente nesse contexto que dois jovens pastores adventistas, Ellet J. Waggoner e Alonzo T. Jones, apoiados por Ellen White, se levantaram na assembleia mundial da igreja de 1888, em Minneapolis (EUA). Eles enfatizavam que a justiça humana não passava de trapos de imundícia, como diz o profeta Isaías (Is 64:6), tanto antes quanto depois da conversão. Tudo era pela fé em Cristo, diziam eles. Obras de justiça humana não contam, nem antes nem depois de havermos sido justificados.

Várias vezes, Ellen White enfatizou que os adventistas em geral não compreendiam a verdade da salvação pela graça:

Nossas igrejas estão perecendo por falta de ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo e verdades semelhantes (Obreiros evangélicos, p. 301).

O inimigo de Deus e do homem não quer que essa verdade seja claramente apresentada, pois sabe que, se o povo a aceitar plenamente, o seu poder estará despedaçado (Obreiros evangélicos, p. 161).

Os pastores têm de ser ensinados a se demorar mais pormenorizadamente sobre os assuntos que explicam a verdadeira conversão. […] Não há um ponto que necessite ser realçado com mais diligência, repetido com mais frequência ou estabelecido com mais firmeza na mente de todos, do que a impossibilidade de o homem caído merecer alguma coisa por suas próprias e melhores boas obras. A salvação é unicamente pela fé em Jesus Cristo (Fé e obras, p. 16).

Não compreendemos o assunto da salvação. Ele é tão simples como o ABC. Mas não o compreendemos (Fé e obras, p. 56).

Precisamos também de muito mais conhecimento; precisamos ser esclarecidos acerca do plano da salvação. Não existe um dentre cem que compreenda por si mesmo a verdade bíblica sobre este assunto, tão necessário ao nosso bem-estar presente e eterno. Quando começa a brilhar a luz, para tornar claro ao povo o plano da redenção, o inimigo opera com toda a diligência, para que a luz seja excluída do coração dos homens. […] Há grande necessidade de que Cristo seja pregado como única esperança e salvação. Quando a doutrina da justificação pela fé foi apresentada na reunião de Roma [Nova York], ela foi para muitos como água ao viajante cansado (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 360).

Compreendemos o Evangelho? – parte 2

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