Pular de alegria ou dobrar os joelhos

Depois de ver muitos cristãos compartilharem a imagem acima, decidi escrever uma reflexão sobre ela.

Acredito que um dos nossos maiores problemas em relação a cultos/reuniões/programação é não compreender que cada coisa tem seu momento (cf. Ec 3:1-8). De acordo com a Palavra de Deus, há tempo de dobrar os joelhos em oração (2Cr 7:3; 29:29; Ed 9:5; Sl 95:6; Ef 3:14), mas também há tempo de celebrar e literalmente pular de alegria por causa dos grandiosos atos de Deus em favor da salvação humana (Êx 15:20; 2Sm 6:5, 14, 16, 21; 1Cr 13:8; 15:29; Sl 30:11; 87:7; 149:3; 150:4; para celebração no Novo Testamento, veja referências abaixo). Há tempo de contrição e hinos solenes (Sl 22; 51; 88), mas também há tempo de extravasar alegria com cânticos festivos (Sl 146-150). Há tempo de ouvir a pregação da Palavra e ter um estudo profundo da teologia e da doutrina (At 13:15-41; 1Tm 5:17; 2Tm 4:2), mas também há tempo de confraternizar, desenvolver relacionamentos e partilhar da refeição entre irmãos (At 2:42; 20:6-9; esse aspecto era tão destacado na igreja primitiva que às vezes resultava em excessos, e os apóstolos tiveram que dar instruções a respeito disso: 1Co 11:18-22; 14:26-31, 40; 2Pe 2:13; Jd 12).

O fato é que, em nossa tentativa de enfatizar uma coisa em detrimento da outra, crendo que uma é correta e a outra é nociva, geralmente não temos nem uma nem outra: nem alegria e celebração (nos padrões e com as motivações bíblicas, não como mero entretenimento) nem períodos de fervorosa oração e contrição em comunidade; nem confraternização e relacionamento pessoal nem sólido ensino da Palavra e da doutrina.

Usando a linguagem filosófica, a citação simplesmente apresenta uma falsa dicotomia (ou falso dilema). Em outras palavras, exige que o leitor/ouvinte escolha A “ou” B, quando, em realidade, A “e” B estão corretos.

Em vez de nos impressionar com frases de efeito, devemos estudar e seguir o ensino da Palavra de Deus.

Sobre a mesma imagem, uma amiga comentou:

Até concordo com a frase. O problema é o uso que fazem dela. Muitos cultos são mero entretenimento, em que a alegria ali não é motivada pelo conhecimento racional da salvação. É isso que deve ser combatido, e não ignorar nossa responsabilidade de termos sabedoria de colocar as coisas em seus devidos momentos.

Mas, em vez de combatermos o verdadeiro erro, o que fazemos? Nossa própria versão de entretenimento para santos: falamos de mensagens subliminares, perigos do rock, estórias cabulosas de correntes de e-mail em que pessoas desafiaram a Deus e foram punidas… Qualquer coisa que entretenha as mentes mais ‘pietistas’, mas que não seja nem Bíblia nem evangelho. É muito menos trabalhoso e traz um resultado muito mais rápido entreter as pessoas com sensacionalismo e outras carnalidades do que instruí-las com ensino bíblico sólido.

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