Os últimos dias: espetaculares ou normais?

Quando examinamos cuidadosamente o Novo Testamento, descobrimos que muitos eventos mundiais que os cristãos tomam como sinais do fim são, na verdade, sinais de uma época. […] Para Jesus, guerras, fomes e terremotos não sinalizam o fim – são apenas sinais do início do fim! Os discípulos perguntaram por um sinal do fim; Jesus deu a eles sinais de uma época. No relato de Lucas, Jesus acrescentou a expressão “coisas espantosas e também grandes sinais do céu” (Lc 21:11), ao Se referir a esses sinais de época (confira o verso 9). Esses sinais não foram dados para estimular a especulação sobre a contagem do tempo do fim. Em vez disso, eles nos lembram de que devemos estar vigilantes, em todo o tempo, com respeito ao fim (Mt 24:42).

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Se guerras, terremotos e fomes são sinais de uma época, não deveria nos surpreender que muitos dos chamados “sinais do fim” tivessem acontecido já no primeiro século. Havia falsos messias já na época de Jesus (At 5:36, 37), e muitos mais próximo do ano 70 d.C. (veja Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas). Embora a paz tenha caracterizado a Palestina em 31 d.C, aconteceram ‘guerras e rumores de guerras’ ao longo da década de 60 d.C. Ocorreram fomes (At 11:28), terremotos (Laodiceia, em 60 d.C, Pompeia, em 63 d.C, Jerusalém, em 64 d.C, e Roma em 68 d.C), e sinais no céu (veja O Grande Conflito, p. 29). O Novo Testamento contém muitos relatos de perseguição, falsos mestres e falsos profetas (veja 1–2Co, Gl, Cl, 2Pe, 1–2Jo, Jd, Ap 2–3). Paulo pôde até afirmar que, em seus dias, o evangelho fora pregado no mundo todo (Cl 1:23; Rm 1:8; 16:26). Não é de admirar, então, que os apóstolos acreditassem estar vivendo nos últimos dias (At 2:14-21; Hb 1:2; 1Pe 1:20; 1Jo 2:18).

A normalidade do fim

Relacionada ao tema dos “sinais”, está a pergunta: Quão incomuns serão os eventos do fim? […]

Jesus e Paulo apresentam os últimos dias como tempos normais, apesar de todos os eventos espetaculares. Como antes do Dilúvio (Mt 24:37), as pessoas continuarão sua rotina normal de comer e beber; mesmo casamentos não serão adiados (Mt 24:38). Como nos dias de Ló, haverá compras e vendas (Lc 17:28), o que sugere que a estrutura econômica básica permanecerá. Plantação e construção continuam (Lc 17:28). A maior parte das pessoas parece não pressentir que o fim está próximo (Mt 24:39).

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De fato, Paulo escreveu que as terríveis destruições associadas à segunda vinda (2Ts 1:5-10) virão quando as pessoas estiverem clamando: “Paz e segurança” (2Ts 5:2-3). Para muitos, os últimos dias parecem como uma era dourada de paz e prosperidade. Tribulações, desastres, desordens sociais e perseguições do tempo do fim estarão na ordem do dia, mas não parecerão estar fora de proporções em comparação com épocas normais. A maioria, provavelmente a vasta maioria, será surpreendida ao ver o fim.

Assim, de acordo com a Bíblia, não deveríamos ficar surpresos com o fato de que os sinais estivessem envelhecendo. Eles foram dados, não para satisfazer nossa curiosidade quanto à contagem do tempo do fim, mas para estimular o estudo da Bíblia e uma vida de fé. […]

O clímax do tempo do fim não é a batalha do Armagedom, mas a “manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2:13). O fim tem que ver com Jesus, mais do que com eventos ou ideias. […]

Mantendo viva a fé

A brevidade do tempo é frequentemente realçada como incentivo para buscar a justiça e fazer de Cristo o nosso amigo. Este não deve ser o grande motivo para nós; pois cheira a egoísmo. É necessário que os terrores do dia de Deus sejam mantidos diante de nós, a fim de sermos compelidos à ação correta pelo medo? Não devia ser assim. Jesus é atraente. […] Deseja ser nosso Amigo, andar conosco por todos os acidentados caminhos da vida. […] Jesus, a Majestade do Céu, deseja elevar ao companheirismo com Sua pessoa os que se dirigem a Ele com seus fardos, fraquezas e preocupações (Ellen White, Review and Herald, 2 de agosto de 1881).

Que lindo é esse resumo sobre centralidade de um relacionamento com Jesus e de uma saudável antecipação do fim! É o caminhar diariamente, o diário companheirismo que deve nortear nossa expectativa de uma eternidade com a Pessoa de Jesus!

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Uns 15 anos atrás, lecionei algumas disciplinas no Helderberg College, África do Sul. Fiquei, pela primeira vez, mais de um mês longe de minha esposa. Não foi uma experiência fácil. Mas, com a demora, nosso relacionamento se tornou mais forte. E como eu poderia esquecê-la? Porventura, fiquei cansado de esperar e comecei marcando datas imaginárias para meu retorno? Não! Eu gastei aquele mês pensando nela mais do que já havia pensado antes. De fato, ela nunca esteve mais doce, mais bonita para mim do que durante aquele período de ausência. Quanto mais o tempo avançava, mais avidamente eu imaginava nosso esperado reencontro. Mentalmente, saboreei de novo nosso relacionamento, e meu desejo por ela só aumentou.

Assim deve ser com o retorno de Jesus. Vale a pena todo o tempo e energia que gastarmos para conhecê-Lo ainda mais. Por Ele, vale a pena enfrentar todas as dificuldades do tempo do fim. Ele é digno de que passemos “diariamente uma hora a refletir sobre [Sua] vida” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 83). Caso nosso relacionamento com Ele seja renovado cada dia, crescerá nosso desejo de estar pessoalmente com Ele. Assim, cada acontecimento, na Terra ou no Céu, nos convida a aprofundar nosso caminhar com Ele. E quando, realmente, conhecermos Jesus, os sinais nunca envelhecerão. – Jon Paulien, “Quando os sinais envelhecem”, Revista Adventista, outubro de 2008, p. 6-7; “Indicators of the end time: are ‘the signs’ really signs?”, Ministry, junho-julho de 2000, p. 18-20 (combinação dos dois artigos).

Momento inesperado

A partir das descrições apocalípticas, parece claro que não devemos esperar um estado de completa anarquia ou caos antes da segunda vinda. As estruturas básicas da sociedade não entrarão em colapso. Ao menos superficialmente, a instituição do casamento continuará a ser respeitada. O maquinário do comércio não será interrompido – pessoas continuarão comprando (não tomando a força) e vendendo (o que mostra estabilidade monetária). Famílias estarão viajando de férias quando os céus se abrirem. Estudantes estarão tomando decisões quanto à universidade. Missionários estarão desenvolvendo seu trabalho em terras de além-mar. Cerimônias inovadoras estarão acontecendo, com discursos sobre ideias para o futuro. […]

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“Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam” (Mt 24:44).

A tendência humana é saltar de agitação diante do espetacular e cair na apatia diante do comum. Mas a clara implicação da advertência de Jesus é que, às vésperas do evento mais cataclísmico da história, as coisas parecerão normais. – Roy Adams, “The Final Days – Normalcy”, Adventist Review, 21 de abril de 1994, p. 4.

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