Gálatas sem mistério – parte 3

Em vários textos, Paulo diz explicitamente que a lei foi abolida quando Cristo veio à Terra. Já vimos dois deles no início do estudo:

A Lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor (Gl 3:24-25).

Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da Lei escrita (Rm 7:6).

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Há outros textos, como os seguintes:

[Cristo] aboliu, na Sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz (Ef 2:15, ARA).

[Cristo] cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz (Cl 2:14).

Os Dez Mandamentos foram abolidos?

Se Paulo não faz distinção entre lei moral e lei cerimonial, como, então, entender o fato de que a lei foi abolida?

Para responder a essa pergunta, precisamos lembrar que Paulo enfatiza a tríplice função da lei relacionada com o pecado:

  1. revelar o pecado,
  2. condenar o pecador e
  3. conduzir a Cristo.

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O teólogo Ángel Manuel Rodríguez, que, por vários anos, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da sede mundial da Igreja Adventista, assim resume as ideias centrais de Gálatas:

A função da lei não era dar vida eterna; caso contrário, a pessoa seria justificada por meio da lei (Gl 3:21). Em Gálatas 3, Paulo atribui à lei um papel específico: ela é o carcereiro que impede a fuga dos prisioneiros (v. 23) e se certifica de que eles estão debaixo da maldição, merecendo a morte (v. 13). [Em outras palavras, a lei, como já vimos, tem uma função relacionada com o pecado.]

Mas a lei teve essa função apenas por um período limitado de tempo, até a vinda do Salvador prometido. Paulo compara a lei a um tutor que nos leva a Cristo (v. 24). Ele nos livrou da maldição da lei e da prisão do pecado, quando nasceu debaixo da lei (4:4, 5) e Se tornou maldição por nós (3:13) (Ángel Manuel Rodríguez, “The Adventist Understanding of the Law and the Sabbath”, em Lutherans and Adventists in Conversation: Report and Papers Presented 1994-1998 [General Conference of Seventh-day Adventists; The Lutheran World Federation, 2000], p. 112, grifo nosso).

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O mesmo autor explica em que sentido “Cristo é o fim da lei” (cf. Rm 10:4):

Cristo deu fim à função condenatória da lei para os que creem nEle (Rm 8:1). Além de não ter a capacidade de conceder vida eterna (Gl 3:21), a lei, fora de Cristo, condena os pecadores à morte. Mas Cristo veio, nasceu debaixo da lei (Gl 4:4) e a obedeceu perfeitamente. Ele escolheu nos redimir da maldição da lei ao Se tornar maldição em nosso lugar (Gl 3:13). O que era nossa punição ou condenação legal e justa, Jesus tomou sobre Si mesmo como nosso substituto, trazendo ao fim esse aspecto da lei em nossas vidas. Sendo que Cristo deu fim ao aspecto condenatório da lei, não há absolutamente nenhuma necessidade de permanecermos em inimizade contra Deus (Ángel Manuel Rodríguez, “Christ and the Law”, Ministry, julho-agosto de 1995, p. 55, grifo nosso).

Para nós, que já fomos justificados pela fé, a lei não mais desempenha sua tríplice função condenatória. Em outras palavras, a lei:

  1. não mais revela nosso pecado, pois já fomos perdoados;
  2. não mais nos condena, pois já estamos livres da condenação e
  3. não mais nos conduz a Cristo, pois já estamos em Cristo, justificados e salvos.

Simplificando, podemos dizer que, por meio da morte de Cristo, fomos libertados da condenação da lei. Nesse aspecto específico, e somente nesse aspecto, os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz.

Gálatas sem mistério – parte 1

Gálatas sem mistério – parte 2

Gálatas sem mistério – parte 4

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