Podemos ter uma Reforma hoje?

Hoje assisti a um vídeo extraordinário de Augustus Nicodemus Lopes, teólogo presbiteriano.

Se você prefere ler, o conteúdo essencial está transcrito logo abaixo do vídeo.

A igreja cristã está passando por uma crise no mundo todo, e não temos a menor ideia de como Deus vai lidar com isso. O modelo de denominações que se organizam em torno de determinados documentos [credos, votos, concílios] já perdeu a força e o poder de manter a boa ordem moral, espiritual e doutrinária dos seus pastores e membros. O que existe hoje são ‘tribos’. Por exemplo, dentro da Assembleia de Deus existe a tribo dos reformados. Quem são os ‘caciques’? John Piper, John MacArthur, Paul Washer. Onde está esse pessoal? Na mídia. Há muita gente da Assembleia de Deus, que frequenta a Assembleia de Deus, mas que encontra o seu cacique na internet. Dentro da Igreja Presbiteriana, existe a tribo dos pentecostais, que escuta Silas Malafaia; existe a tribo dos liberais, e assim por diante. Essas tribos transcendem as barreiras denominacionais. Você vai encontrar a tribo dos reformados dentro dos batistas, da Assembleia de Deus, da Igreja Universal. O sistema de denominações está se desgastando; todas as denominações históricas do mundo estão minguando. Hoje a lealdade não é mais a denominações; é a líderes, movimentos, ideias, conceitos que transcendem as denominações.

O que Augustus Nicudemus defende está bem alinhado ao que a compreensão adventista prevê para os últimos dias. Quero destacar quatro pontos:

1 – Uma reforma contínua

Desde o início do movimento, os adventistas enfatizam a necessidade de uma reforma contínua, muito além da Reforma Protestante do século 16. “A Reforma não terminou com Lutero, como muitos supõem. Ela continuará até o fim da história deste mundo” (O grande conflito, p. 148). Para expressar a mesma ideia, as igrejas reformadas têm usado a frase em latim Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est, que significa: “Igreja reformada está sempre se reformando”.

Em visões da noite, passaram perante mim representações de um grande movimento de reforma entre o povo de Deus. […] Viu-se um espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abriam por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial (Testemunhos para a igreja, v. 9, p. 126).

2 – Um movimento interdenominacional

Assim como na década de 1840, haverá um grande movimento interdenominacional – dessa vez não mais limitado a alguns países, mas global. O teólogo adventista Jon Paulien, especialista no Apocalipse, explica:

Existe outro tipo de ‘ecumenismo’, que consiste no chamado de Deus a muitos indivíduos de cada instituição religiosa do globo. Entre católicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas e todos os demais grupos, há muitas pessoas que estão buscando a verdade e vivem um relacionamento com Deus. […] O remanescente de Deus do tempo do fim será formado por pessoas de todas as nações, tribos, línguas, povos e – sim – religiões (Ap 14:6; 18:1-4).

Augustus Nicodemus comenta que hoje a lealdade não é mais a denominações, mas a movimentos e ideias. Sobre isso, Paulien diz:

Com o passar do tempo, as instituições religiosas se tornam cada vez mais focadas na autopreservação e menos focadas na missão original. É por isso que reformas espirituais sempre são necessárias em cada fé. No fim dos tempos, todas as instituições religiosas estarão divididas entre os que desejam preservar a ‘bolha’ humana e os que mantiveram ou recapturaram o espírito e a missão original da fé. O remanescente fiel de cada religião demonstrará ter mais em comum uns com os outros do que com os parceiros de sua própria religião.

(Leia o artigo completo de Paulien aqui.)

3 – O fundamento das Escrituras

Qual deve ser a base, o fundamento, para que ocorra essa reforma? Embora Augustus Nicodemus não mencione, como reformado ele deve acreditar que seja o fundamento das Escrituras. Essa é a grande chave para que se alcance as reformas que muitos cristãos buscam e que prevemos para os últimos dias. “Há em nosso tempo um vasto afastamento das doutrinas e preceitos bíblicos, e há necessidade de uma volta ao grande princípio protestante — a Bíblia, e a Bíblia somente, como regra de fé e prática” (O grande conflito, p. 204).

Quando a Palavra de Deus for estudada, compreendida e obedecida, uma luz brilhante se refletirá sobre o mundo; novas verdades, recebidas e postas em prática, nos ligarão, em fortes laços, a Jesus. A Bíblia, e a Bíblia somente, deve ser nosso credo, o único laço de união; todos os que se submeterem a essa santa Palavra estarão em harmonia entre si (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 416).

Falando especialmente aos adventistas, Ellen White diz:

Como examinaremos as Escrituras? Iremos de um a outro pilar das nossas doutrinas, tentando fazer com que toda a Bíblia se molde a nossas opiniões preconcebidas? Ou levaremos nossas ideias e visões às Escrituras e avaliaremos cada aspecto de nossas teorias em comparação com a verdade? […] Opiniões aceitas por muito tempo não devem ser consideradas infalíveis. […] Temos muitas lições a aprender, e muitas, muitas a desaprender. Unicamente Deus e o Céu são infalíveis (O outro poder: conselhos aos escritores e editores, p. 25).

Para que isso ocorra, precisamos estudar e pregar as Escrituras muito mais do que temos feito. Hernandes Dias Lopes, teólogo presbiteriano, diz:

Criamos técnicas e mecanismos para atrair as pessoas. Mas, se não crermos na suficiência das Escrituras, vamos ter que criar novidades a cada dia. E novidades logo se tornam ultrapassadas. Você tem que criar outra, e outra, e outra. Pregue a Palavra. Essa Palavra é viva, é atual, é poderosa, é relevante. […] Deus não tem compromisso com a palavra do pregador; Ele tem compromisso com a Sua Palavra. Não é a palavra do pregador que tem a promessa de não voltar vazia; é a própria Palavra de Deus que tem essa promessa (Is 55:11). […] Quando uma igreja se acostuma com a pregação expositiva, ela não quer mais mastigar palha. Depois que ela descobre a riqueza da Escritura, não tolera mais escutar sermão que não expõe a Escritura.

(Leia o texto completo de Hernandes aqui.)

4 – A centralidade de Cristo

Além de estar fundamentada na Bíblia somente, essa reforma deve estar centralizada em Cristo e no Evangelho da graça. “Um interesse predominará, um assunto absorverá todos os outros – Cristo, justiça nossa” (Filhos e filhas de Deus, p. 259). “De todos os professos cristãos, os adventistas do sétimo dia devem ser os primeiros a exaltar a Cristo perante o mundo” (Obreiros evangélicos, p. 156). “Vários me escreveram, perguntando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo [Ap 14:6-12], e tenho respondido: ‘É verdadeiramente a mensagem do terceiro anjo’” (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 372).

Precisamos também de muito mais conhecimento; precisamos ser esclarecidos sobre o plano da salvação. Não existe um entre cem [na igreja] que compreenda por si mesmo a verdade bíblica sobre esse assunto, tão necessário ao nosso bem-estar presente e eterno. Quando começa a brilhar a luz, para tornar claro ao povo o plano da redenção, o inimigo opera com todo o empenho, para que a luz seja excluída do coração humano. […] Há grande necessidade de que Cristo seja pregado como a única esperança e salvação. Quando a doutrina da justificação pela fé foi apresentada na reunião de Roma [Nova York], ela foi para muitos como água ao viajante cansado (Mensagens escolhidas, v. 1, p. 360).

Os tempos em que vivemos são realmente fascinantes. Deus está chamando pessoas dos mais diversos grupos religiosos e levando-as a se reunirem em torno de Cristo e de Sua Palavra. Sem dúvida, Deus está preparando coisas grandiosas para um futuro próximo.

Veja também a série de 4 artigos intitulada “Perguntas sobre reavivamento”.

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