Os antigos rabinos identificaram na Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia) 613 mandamentos – 248 positivos (“farás”) e 365 negativos (“não farás”). Obviamente, ninguém conseguiria memorizar todos, e nem todos os mandamentos possuem a mesma importância.
Então, os rabinos fizeram distinção entre os mandamentos “pesados” (mais importantes) e os “leves” (menos importantes). Os Dez Mandamentos (Êxodo 20) eram considerados os mais “pesados”. Um exemplo de mandamento “leve” seria não arar a terra usando um boi e um jumento sob o mesmo jugo (Deuteronômio 22:10).
Muitos tentavam resumir todos os mandamentos da Torá em um pequeno número de preceitos. Assim, se notava que Davi propôs onze:
Senhor, quem habitará no Teu santuário? Quem poderá morar no Teu santo monte?
- Aquele que é íntegro em sua conduta e
- pratica o que é justo,
- que de coração fala a verdade e
- não usa a língua para difamar,
- que nenhum mal faz ao seu semelhante e
- não lança calúnia contra o seu próximo,
- que rejeita quem merece desprezo, mas
- honra os que temem o Senhor,
- que mantém a sua palavra, mesmo quando sai prejudicado,
- que não empresta o seu dinheiro visando lucro
- nem aceita suborno contra o inocente.
Quem assim procede nunca será abalado! (Salmo 15).
Isaías apresentou a Torá em um sumário de seis mandamentos:
- Aquele que anda corretamente e
- fala o que é reto,
- que recusa o lucro injusto,
- cuja mão não aceita suborno,
- que tapa os ouvidos para as tramas de assassinatos e
- fecha os olhos para não contemplar o mal,
é esse o homem que habitará nas alturas; seu refúgio será a fortaleza das rochas; terá suprimento de pão, e água não lhe faltará (Isaías 33:15).
Miqueias, por sua vez, resumiu a Torá em três preceitos:
Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige:
- pratique a justiça,
- ame a fidelidade e
- ande humildemente com o seu Deus (Miqueias 6:8).
Outros profetas resumiram a vontade de Deus em apenas uma frase:
Busquem-Me e terão vida (Amós 5:4).
O justo viverá pela sua fé (Habacuque 2:4, ARA).
O rabino Hillel, o Ancião (110-10 a.C.), um dos mais importantes fariseus de sua época, ensinava:
Não faça aos outros aquilo que não gostaria que lhe fizessem. Essa é toda a Torá; o resto é comentário.
O próprio Jesus, o Messias, seguiu a prática judaica de resumir toda a Torá.
Certa vez, um mestre da lei perguntou a Jesus:
“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Respondeu Jesus: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Deuteronômio 6:5). Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Levítico 19:18). Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mateus 22:36-40).
Jesus e Paulo chegaram a apresentar a essência da Torá em apenas um mandamento:
Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas (Mateus 7:12).
Pois estes mandamentos: “Não adulterarás”, “Não matarás”, “Não furtarás”, “Não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei (Romanos 13:9-10).